Crack
O médico Ricardo Paiva, coordenador do projeto que elaborou as diretrizes sobre assistência integral ao crack do Conselho Federal de Medicina, fala ao site de VEJA sobre a falta de ação do governo em relação ao problema, que pode atingir até seis milhões de pessoas
Adriana Caitano
"O Conselho Federal de Medicina reconhece o uso do crack como um epidemia, apesar de o governo federal não entender como tal"
"Da maneira como estão programadas, as ações não vão funcionar, porque elas precisam ser feitas harmonicamente. Não adianta ação policial, gastos exuberantes e não haver ação nas áreas social e de saúde"
"Nós estamos esperando que a presidente Dilma Rousseff enfrente o crack como ela se propôs a fazer no discurso de posse"
O Conselho Federal de Medicina divulgou, nesta quarta-feira, em Brasília, uma série de diretrizes que servirão de guia para o atendimento dos dependentes de crack, uma droga que mata pelo menos um terço de seus usuários, segundo dados da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Apenas um terço deixa o vício, e outro terço continua dependente. Hoje, estima-se, existem entre um e seis milhões de usuários da droga no Brasil, e o número continua aumentando.
Segundo o médico Ricardo Paiva, da comissão de assuntos sociais do Conselho Federal de Medicina e coordenador do projeto que elaborou as diretrizes sobre assistência integral ao crack, as instruções do CFM tentam ordenar o combate ao crack nas áreas policial, social e de saúde, preenchendo uma lacuna deixada pelo governo.
Em entrevista ao site de VEJA, Paiva afirma o crack já é uma epidemia — apesar de o governo não reconhecer —, reclama do número insuficiente de leitos e de centros de atenção para o tratamento dos dependentes e diz que a internação involuntária pode ser uma alternativa, desde que feita dentro da lei.
O senhor considerada que o uso do crack no Brasil pode ser considerado