Cortella, mário sérgio. conhecimento escolar: epistemologia e política. a escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. são paulo: cortez, instituto paulo freire
Em 1632 Comenius enunciou uma desalenta análise da educação. Comenius apontava como fatores de responsabilidade individual os males educacionais, há quatro séculos; a ignorância, inveja maldosa, desamparo e exaustão pessoal eram as causas dessa desordem educacional. Como forma de ultrapassar esse olhar amargo em relação à educação, devemos acrescentar determinantes sociais a nossa profissão. O sentido social do educador está na compreensão política que tivermos da finalidade de nosso trabalho pedagógico, isto, é da concepção sobre a relação entre Sociedade e Escola que adotamos. Neste capítulo veremos três dessas concepções: Otimismo ingênuo, Pessimismo ingênuo, Otimismo crítico, essas concepções apresentam posturas predominantes em vários momentos de nossa Educação e que, de alguma maneira convivem simultaneamente. Otimismo ingênuo, nessa concepção à escola é atribuído uma missão salvífica, ou seja, ela teria um caráter messiânico; nessa concepção o, o educador teria uma tarefa quase religiosa e por isso seria portador de uma vocação. Na relação com a Sociedade, a compreensão é a de que a educação seria a alavanca do desenvolvimento e do progresso. Essa concepção é otimista porque valoriza a Escola, mas é ingênua, pois atribui à escola autonomia absoluta na sua inserção social e na capacidade de extinguir a pobreza e a miséria que não foram por ela originalmente criadas. Em 1970 entra no cenário educacional a concepção do pessimismo ingênuo, nesta visão era apoiada na noção central de que a educação tem de fato a tarefa primordial de servir ao poder e não de atuar no âmbito da sociedade, nada mais que um instrumento da dominação. A escola é vista como reprodutora das desigualdades sociais, como um caráter dominador, nela o educador é um a gente da ideologia