Corrupção no Brasil
Mariana Della Barba
Da BBC Brasil em São Paulo.
Atualizado em 4 de novembro, 2012.
O motorista que oferece uma cerveja para o guarda não multá-lo. O fiscal que cobra uma
"ajuda" do comerciante. O ministro que compra apoio político. A corrupção está enraizada em vários setores da sociedade brasileira. E nada disso é recente, segunda a historiadora Denise
Moura, que diz que a prática chegou junto com as caravelas portuguesas.
Cerimônia de beija-mão na corte de D.João VI, em que os súditos faziam pedidos ao monarca
"Quando Portugal começou a colonização, a coroa não queria abrir mão do Brasil, mas também não estava disposta a viver aqui. Então, delegou a outras pessoas a função de ocupar a terra e de organizar as instituições aqui", afirma a historiadora.
"Só que como convencer um fidalgo português a vir para cá sem lhe oferecer vantagens? A coroa então era permissiva, deixava que trabalhassem aqui sem vigilância. Se não, ninguém viria."
Assim, a um oceano de distância da metrópole, criou-se um clima propício à corrupção, em que o poder e a pessoa se confundiam e eram vistos como uma coisa só, de acordo com Denise, que é professora de História do Brasil na Unesp.
No entanto, a historiadora deixa claro que a corrupção não é uma exclusividade do Brasil, é só uma peculiaridade da formação dessa característica no país.
"Temos enraizado uma tradição muito forte de poder relacionado ao indivíduo que o detém", avalia Denise. "E isso até hoje interfere na maneira como vemos os direitos e deveres desse tipo de funcionário." Propina
No Brasil colônia, assim como hoje, a corrupção permeava diversos níveis do funcionalismo público, segundo a pesquisadora. Na época, atingia desde o governador, passando por ouvidores, tabeliães e oficiais de justiça, chegando até o funcionário mais baixo da Câmara, que era uma espécie de fiscal de assuntos cotidiano.
A historiadora conta que