Correlação entre o filme Fausto de 1926 e São Bernardo de Graciliano Ramos
O filme Fausto de 1926 é baseado na peça “Fausto” de Goethe. Na obra, Fausto é um alquimista já idoso, renomado e com anos de conhecimento acumulado. Diante de sua cidade sendo devastada pela peste negra e de tantas mortes ele começou a questionar a sua finitude, a ter medo da própria morte e desejar a juventude. Fausto buscava o ideal, o absoluto, a juventude eterna e, para tal, faz um pacto com Mefistófeles dando como pagamento sua alma ao demônio. Mefistófeles dá tudo o que ele queria: juventude, dinheiro, poder e até o amor, que Fausto julgava amar. Mas, Fausto se apaixona por uma jovem, que também se apaixona por ele, e então ele se vê impossibilitado de viver esse amor, porque sua alma não pertence mais a ele. Fausto faz o pacto e paga por ele. Ele consegue saciar seus antigos anseios, mas sempre haverão outros e o anseio final era impossível de se realizar, levando –o a loucura. O ser humano é uma máquina desejante, há sempre um buraco a ser preenchido. O anseio fáustico trata disso, de querer sempre ultrapassar seus limites. Em “São Bernardo” de Graciliano Ramos, temos o mesmo cenário. Paulo Honório era um menino pobre que sofreu bastante durante a infância, trabalhou duro na roça até os dezoito anos e foi preso por esfaquear um homem que se envolveu com a mulher que ele teve sua primeira relação sexual. Na prisão ele aprende a ler e lá ele começa a busca por seu ideal, que era juntar dinheiro e comprar a fazenda São Bernardo, onde havia trabalhado. Ao sair da prisão começou a negociar gado e todo tipo de coisas pelo sertão, enfrentando injustiças, fome e sede, passando por tudo isso com muita frieza e utilizando de meios antiéticos, como ameaças de morte e roubo para ir adiante. Ele leva o herdeiro de São Bernardo à falência e consegue comprar a terra por um preço irrisório. Através de assassinatos e espírito empreendedor ele consegue expandir suas terras e aumentar