Corporidade
HOMOSSEXUALIDADE E BISEXUALIDADE,
MITOS E VERDADES
LUIZ CARLOS PINTO CORINO*
RESUMO
No período clássico da Grécia Antiga a pederastia era prática comum, tinha função pedagógica e a finalidade de transmissão de conhecimento de homens mais experientes aos jovens. O homem mais velho admirava o mais jovem por suas qualidades masculinas e o mais jovem respeitava o mais velho por sua experiência, sabedoria e comando. No entanto, durante muito tempo, diversos intérpretes analisaram essas relações de forma equivocada, preconceituosa e anacrônica. No presente artigo, temos por objetivo analisar no âmbito cultural as relações homoeróticas na
Grécia antiga, demonstrando como estas tinham um caráter muito mais pedagógico do que propriamente sexual.
PALAVRAS-CHAVE: Grécia Clássica, homossexualidade, bissexualidade, pederastia
Graças ao olhar judaico-cristão de muitos estudiosos do mundo antigo, em diversos momentos a Grécia foi estudada e caracterizada como lugar de “orgias” e “sodomia”. No entanto, precisamos atentar para as peculiaridades culturais deste povo e com olhar histórico estudá-los sem julgá-los, simplificadamente, como uma civilização de homossexuais. Dessa forma, no presente artigo, temos por objetivo analisar no âmbito cultural as relações homoeróticas na Grécia antiga, demonstrando como estas tinham um caráter muito mais pedagógico do que propriamente sexual.
Para compreendermos melhor esse povo, procuremos aqui distinguir as práticas homossexuais do homoerotismo. Antes de tudo, precisamos perceber que o termo “homossexual”, muitas vezes empregado para o povo grego, foi usado pela primeira vez em 1869, quando o autor belga K. M. Kentbeny o usou para argumentar contra as leis rigorosas contra a “sodomia”, na Prússia.
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Bacharel em Direito; acadêmico do curso de História da FURG; pesquisador do GPHA –
Grupo de Pesquisa de História Antiga e atualmente desenvolve pesquisa sobre as
relações