Corporeidade e Saúde
Durante muito tempo pensou-se que o homem possuía uma camada estratigráfica, sendo a biológica a mais interior seguida da psicológica, a social e a cultural. Se “descascasse” o homem encontraríamos a sua essência natural. O pensamento do século XIX era que o desenvolvimento humano foi do biológico para o cultural ao longo do processo evolutivo, que havia diferenciação entre a ordem da natureza e a ordem social.
Com o avanço do pensamento antropológico (que surgiu devido à oposição entre natureza e cultura) e a contribuição da arqueologia essa idéia foi sendo modificada e a antropologia passou a defender a tese de que o homem é um ser cultural, pois, ser cultural foi condição de sobrevivência da espécie humana. Que os dois processos ocorreram simultaneamente na evolução e foram fundamentais para sermos o que somos hoje.
Com base nesses argumentos podemos discutir a maneira que a cultura implica no modo de ser de todo e qualquer homem. Não podemos imaginar o homem exclusivamente natural, pois, todo homem é fruto de uma cultura. As formas de pensar, agir em sociedade, de lidar com a sua corporalidade, estão intimamente ligadas a condicionamentos sociais e culturais. O corpo é um patrimônio universal dos homens, pois temos em comum, semelhanças físicas independente da nacionalidade, a semelhança biológica, porém, há um conjunto de significados que cada sociedade imprime nos corpos de seus membros ao longo do tempo, características únicas de sociedades