corpolatria
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COSTUMES
Corpolatria
O professor de educação física deve tentar formar alunos menos suscetíveis à moda do culto ao corpo
PAULO CÉSAR NASCIMENTO
Desde que apareceu nua nas páginas de recente edição de uma revista masculina, a apresentadora de TV e ex-dançarina Carla Perez foi transformada no mais novo (e cobiçado) ícone da febre nacional do culto ao corpo. O alvoroço nem foi tanto pela exibição de suas curvas, que empapuçaram os leitores em três outras edições da publicação, mas sim pelo novo design apresentado. Nariz, seios, barriga, cintura e coxas não eram mais os mesmos de há três anos. Sim, ali estava uma nova mulher, esculpida com bisturi e próteses de silicone. A mídia, com o estardalhaço que lhe é peculiar nessas ocasiões, lançou seus holofotes sobre a moça recauchutada e até cunhou um novo verbo, “carlaperizar”, ou seja, ajeitar o corpo a seu gosto, tal como fez a esguia loira.
Em uma sociedade em que homens e mulheres passaram a ser valorizados pelos centímetros a mais ou a menos revelados pela fita métrica, o fenômeno Carla Perez é apenas mais um exemplo da desmedida busca e exaltação do corpo perfeito. Antes dela outras beldades, como a apresentadora Xuxa Meneghel e a modelo Joana “Feiticeira” Prado, estiveram em evidência por terem seus atributos físicos aperfeiçoados em mesas cirúrgicas. O sexo masculino também deixou-se seduzir por esse encanto: os homens respondem por cerca de 30% das quase 400 mil cirurgias plásticas realizadas no país este ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgiões Plásticos.
Convém lembrar que as clínicas de cirurgia plástica são apenas um elo dessa extensa cadeia que é a milionária indústria da beleza. Academias de ginástica, clínicas para emagrecimento, laboratórios que fabricam e vendem produtos para dietas alimentares (de procedência e efeitos não raro duvidosos), confecções e lojas de roupas (já reparou que a maioria só tem aqueles modelos bem