Desde a Antiguidade, a relação entre o ser humano e seu corpo é objeto de investigação, e ao longo da história diferentes caminhos guiaram esta curiosidade intrínseca de nossa existência. O corpo pode ser pensado, por exemplo, do ponto de vista político, social, econômico e organicista. O enfoque organicista revela o corpo físico que corresponde ao corpo da ciência com seus órgãos, aparelhos e sistemas: o corpo carne. No entanto, um indivíduo é mais que um corpo enquanto conjunto de massa e sangue. Impelido por esta constatação, o ser humano passou a privilegiar a relação do corpo com a alma, até perceber as dificuldades que implicavam a tentativa de dissociá-los. Michel Foucault, foi um dos principais autores que buscavam e buscam até hoje compreender o corpo e alma. Ele nasceu em 1926 em Poitiers, no sul da França, numa rica família de médicos. Aos 20 anos foi estudar psicologia e filosofia na École Normale Superieure, em Paris, período de uma passagem relâmpago pelo Partido Comunista. Obteve o diploma em psicopatologia em 1952, passando a lecionar na Universidade de Lille. Dois anos depois, publicou o primeiro livro, Doença Mental e Personalidade. Em 1961, defendeu na Universidade Sorbonne a tese que deu origem ao livro A História da Loucura. Entre 1963 e 1977, integrou o conselho editorial da revista Critique. Em meados dos anos 1960, sua obra começou a repercutir fora dos círculos acadêmicos. Lecionou entre 1968 e 1969 na Universidade de Vincennes e em seguida assumiu a cadeira de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France, alternando intensas pesquisas com longos períodos no exterior. A partir dos anos 1970, militou no Grupo de Informações sobre Prisões. Entre suas principais obras estão História da Sexualidade e Vigiar e Punir. Foucault morreu de AIDS, em 1984.
Em Vigiar e Punir (2003a), Foucault apresenta uma análise sócio-histórica das relações entre o poder e sua incidência sobre os corpos, mapeando as formas de subjetivação que advêm