Convite a Filosofia-Marilena Chauí
A autora inicia a abordagem atentando ao fato de nossa vida estar repleta de certezas cotidianas óbvias, as quais são oriundas, muitas vezes, de pré-conceitos, pré-juízos e do senso comum – aquelas coisas que todos sabem. Manifestam-se, vez em quando, em regras implícitas que acreditamos ser do conhecimento de todos. O exemplo que ilustra muito bem essa questão é “não pegar chuva, pois se o fizer, acabará gripado.” Aí vemos uma certeza implícita, que não podemos provar exatamente, mas sabemos que quem pega chuva fica com gripe. Levamos essa crença adiante porque foi passada pela nossa mãe e da nossa avó para ela. A filosofia entra na hora de refletir sobre essas certezas cotidianas.
Porém, a reflexão se deve fazer de maneira ordenada, racional, para que se possa atingir resultados satisfatórios (se é que existem!). Assim, utiliza-se da atitude filosófica, na qual a pensadora procura isolar-se do mundo para poder observá-lo. O ente se desgruda de sua mente e questiona tudo o que já está afirmado, como se ele fosse um ser neutro. Nesse exercício é tomada uma postura negativa, na qual se vai contra tudo o que está estabelecido, para logo depois questionar o que são as coisas, por que são e como são; sendo estas as indagações fundamentais da filosofia. “Mas para quê tudo isso?” é a pergunta que surge naturalmente. A pergunta existe – e persiste – pois as pessoas não conseguem ver na filosofia uma aplicação prática, como acontece com as ciências tecnológicas, com a matemática ou as línguas. Entretanto, a filosofia – o pensamento lógico e racional – contribuiu e continua contribuindo para todas as áreas científicas, pois é ela quem procura sempre aperfeiçoar os métodos e até mesmo os instrumentos para verificação das teorias elaboradas. Ela tem o poder de ratificar uma nova afirmação, tanto quanto de refutá-la.
Chauí alerta para o fato de não existir