Conversando que a gente se entende! Sobre a conversa como instrumento de humanização e promoção de saúde.
Sobre a conversa como instrumento de humanização e promoção de saúde
Márcia Merquior
Psicanalista e Terapeuta Familiar e de Casal
Professora Titular da Universidade Estácio de Sá
Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RIO, 1993.
Doutora em Saúde Coletiva pelo IMS-UERJ, 2002.
“Sendo o amor a emoção que funda a origem do humano e sendo o prazer do conversar nossa característica, resulta em que tanto nosso bem estar como nossos sofrimentos dependem de nosso conversar”.
Humberto Maturana
A partir da Carta de Otawa, um documento assinado por representantes de diversos países - reunidos na cidade de Otawa, no Canadá em 1986 -, em torno do compromisso de difundir e trabalhar por um novo paradigma da questão da saúde. O conceito de promoção de saúde passa então a ser o princípio básico norteador de mudanças táticas e estratégicas a serem articuladas nas práticas médicas. Estas mudanças apontam para um salto epistemológico e prático do eixo terapêutico para o eixo preventivo, determinando intervenções que levem em conta a complexidade da questão, dos métodos e dos cenários. Vale citar a definição proposta pela dita Carta:
Promoção de saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida, incluindo uma maior participação nesse processo.
Focar na promoção de saúde é considerar que a saúde deve ser vista como um recurso para a vida e não como objetivo de vida. Desta forma, todo o sujeito deve ser responsável pelos cuidados de sua saúde não apenas como uma diretriz individual, mas também como dever social e comunitário na medida em que ninguém vive sozinho ou isolado e que tudo que acontece com um pode rapidamente se disseminar por muitos. Na cidade, no campo, no trabalho ou na família, há um tal entrelaçamento sistêmico em que todos são permeáveis a quaisquer ações, mudanças, acidentes, construções e destruições. Por fim, falar em promoção de saúde é