Conversa de bois: uma epopéia sertanejo-moderna
Antonio Carlos Xavier**
Resumo
No conto Conversa de bois encontram-se rastros necessários para a configuração de uma epopéia sertanejo-moderna: há um acontecimento no passado, Manoel Timborna conta ao narrador algo já vivido pelos personagens, como um processo de iniciação para Tiãozinho; a presença do fantástico, quando os bois assumem a condição humana da fala, não são mais os deuses do Olimpo humanizados, com ciúmes ou simpatia, mas animais próximos dos homens, fazendo as vezes dos deuses, ajudando o herói; prêmio para o herói; a luta entre forças do bem e do mal; e por último, o uso da memória, na travessia oral entre o narrado e a narração, com um narrador heterodiegético com relação à história contada no passado, pois não participa como personagem. Com base em estudos realizados pelo Professor Anazildo Vasconcelos da Silva, no livro Formação épica da literatura brasileira, a comunicação objetiva encontrar traços da epopeia no conto em questão.
Palavras-chave: Literatura. Epopéia. Modernismo. Guimarães Rosa
*Parte deste artigo foi apresentado no 11º Congresso Brasileiro de Língua Portuguesa e 2º Congresso Internacional de Lusofonia do IP - PUC/SP, 2006, São Paulo. Lusofonia Memória e Diversidade Cultural. São Paulo : PUC/SP, 2006.
** Professor do Departamento de Letras da FAFIMAN
Conversa de bois: Uma Epopéia Sertanejo-Moderna
Antonio Carlos Xavier (FAFIMAN )
“As vacas e os cavalos são seres maravilhosos”
(ROSA, 1991,67)
Para Goethe “todo trágico se baseia numa contradição Inconciliável (...) pode situar-se no mundo dos deuses, e seus pólos opostos podem chamar-se Deus e homem, ou pode tratar-se de adversários que se levantem um contra o outro no próprio peito do homem.” (LESKY, 1976, 31) Conversa de bois, de Guimarães Rosa está no livro Sagarana, apresenta como tema de destaque a luta entre as forças do bem e do mal, trabalhada de maneira multifacetada. O conto