contribução dos sociólogos brasileiros
Comentário crítico
Embora mais conhecido como historiador, Sérgio Buarque é também importante crítico literário, tendo atuado em revistas modernistas e militado em vários suplementos e rodapés literários. Certamente essas duas facetas da produção intelectual de Sérgio Buarque não aparecem de modo tão radicalmente separadas e, volta e meia, pode-se reconhecer na produção ensaística do historiador a presença do estudioso da literatura e vice-versa. Basta lembrar sua tese de cátedra, Visão do Paraíso, as associações imaginárias e projeções do Novo Mundo com o encontro do paraíso terreal.
Como nota Walnice Nogueira Galvão, nesse "livro, embora ninguém possa negar que se trata de um marco na historiografia, a contribuição dos estudos literários é enorme [...]". É sabido também que suas concepções sobre o Brasil expostas em sua obra mais conhecida, Raízes do Brasil, vêm a encontrar repercussão em contribuições decisivas da crítica literária brasileira para a cultura, como um clássico estudo de Antonio Candido (1918) sobre Manuel Antonio de Almeida (1831-1861) (Dialética da Malandragem) e os de Roberto Schwarz (1938) sobre Machado de Assis (1839 - 1908).
A atuação de Sérgio Buarque como crítico literário antecede o modernismo , com a publicação de artigos e crônicas nos anos de 1920 a 1922, nas páginas do jornal Correio Paulistano e das revistas A Cigarra e Fon-Fon, nos quais já se opõe ao repertório da velha crítica, externando convicções antipassadistas, que seriam abraçadas pelo futuro movimento. Sergio Buarque abre, assim, o caminho dos novos e estabelece uma primeira medida crítica que funciona como referência estética aos propósitos de ruptura modernista. No primeiro informe sobre o grupo paulistano, alerta para o embate que se anuncia entre os que, na ocasião, chama de beletristas e seus adversários futuristas.