Contribuições Linguísticas Africanas
A língua brasileira atual é uma mistura do antigo português europeu, falado em Portugal, com influências indígenas, europeias e africanas. Cada um dos povos que vieram ao Brasil, por determinados motivos (escravos, imigrantes e os próprios colonizadores), agregaram parte da sua cultura a cultura brasileira, ajudando a construir o país miscigenado e multicultural que é o Brasil. Desde o início do tráfico entre Brasil e África, observou-se uma mistura entre as línguas negro-africanas, faladas pelos escravos, e o português europeu antigo usado no Brasil. É importante ressaltar que nesta época, o português já havia sofrido alterações e contribuições dos povos indígenas. Este contato linguístico e cultural direto resultou na alteração da língua portuguesa falada no Brasil. Portanto, assim como os índios, os escravos africanos participaram ativamente da construção da língua e da cultura brasileira. Enquanto no país se falava a “Língua Geral”, formada a partir do português europeu com influências indígenas e usada até meados do século XVIII, nas senzalas e campos de trabalho se formava o início de uma língua afro-brasileira. Ao longo de quatro séculos, o português sofreu interferência linguística africana em todos os setores: léxico, semântico, prosódico, sintático e, principalmente, na língua falada. O Brasil se afastou do antigo português europeu e passou a utilizar um novo português, que já possuía traços indígenas, e acrescentou a participação significativa da cultura africana. Essa adaptação foi favorável devido à proximidade relativa da estrutura linguística do português europeu antigo com as línguas africanas. Como por exemplos, o uso do sistema de sete vogais orais (a, e, ê, i, o, ê, u) e a estrutura silábica ideal (consoante – vogal – consoante – vogal), no qual é possível observar a conservação do centro vocálico de cada sílaba. Essa aproximação possibilitou a continuidade do tipo prosódico de base vocálica do português