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Leopoldo Waizbort
Doutor em Sociologia e Professor do Departamento de Sociologia - Universidade de São Paulo waizbort@usp.br RESUMO
O texto apresenta uma aula sobre a sociologia da moda de Georg Simmel. Nesse sentido, procura, de modo didático, mostrar as principais linhas de força da sociologia da moda simmeliana, suas conexões mais básicas com o pensamento de Simmel em geral, alguns nexos históricos que a informam e, por fim, seus principais aportes.
Palavras-chave: sociologia da moda, moda, Georg Simmel, moderno, diferenciação social, individualismo. IARA – Revista de Moda, Cultura e Arte – São Paulo - v.1 n. 1 abr./ago. 2008.
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É conhecida a afirmação, segundo a qual em Baudelaire a experiência histórica do moderno se amalgama com a experiência estética do moderno (Habermas, 1991, pp. 17 ss.).
Essa amálgama põe em destaque o fato histórico significativo de que o problema da autofundamentação do moderno formulou-se inicialmente no âmbito da estética e mais precisamente na crítica de arte – uma crítica de arte na qual a moda aparecia como a ponta de lança, a plataforma material e a forma fenomênica por excelência
do problema que se queria
abordar.
Só a moda revelava em toda a linha o sentido de atualidade que brotava dessa nascente concepção de moderno. O presente não ganha sentido na oposição ao passado, mas somente no entrecruzamento do efêmero e do eterno. Nada expõe tal entrecruzamento de modo tão enfático como o conhecido poema “A une passante” (Baudelaire, 1982, p. 101).
La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur mejesteuse,
Une femme passa, d’une main fasteuse
Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;
Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l’ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.
Un éclair... puis la nuit! – Fugitive