Contraponto
Bárbara Baião Trânsito. Jornada de trabalho de oito horas. Trânsito. Entretenimento. Descanso. Em uma sociedade estruturada e ambientada pela comunicação, e que encontra na contemporaneidade uma rotina pautada pelo máximo lucro (fazendo com que os cidadãos tenham um escasso tempo para ler notícias), o ato de se informar sobre o que ocorre no mundo ganhou novas formas de reprodução concomitantes ao ritmo apressado dos dias atuais. Dessa forma, o jornal, visto como o principal “produtor de fatos” em um passado não tão distante, vem perdendo espaço para outros veículos mais flexíveis e instantâneos. Promover reportagens jornalísticas com conteúdo histórico, evitar chavões, notícias repetidas e superficiais, dar mais espaço ao jornalismo de antecipação. Todos esses itens são alternativas dadas por Ricardo Noblat durante a leitura do livro "A arte de se fazer um jornal diário". Em meio aos seus 40 anos de experiência (até então), o escritor propõe uma reflexão sobre o futuro dos jornais e da necessidade de reinventá-los para que não deixem de existir. Nascido em Recife, formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, autor de ‘Céu de favoritos’, ‘O que é ser Jornalista’ e coautor de ‘O complô que elegeu Tancredo’, Ricardo Noblat dirigiu a redação do Correio Braziliense de 1994 até 2002. Foi um dos responsáveis pela modernização gráfica e pelas mudanças que deram ao jornal de Brasília uma linha editorial mais combativa, além de estimular uma maior interação com o leitor. E toda essa reformulação promoveu um significativo aumento de 64% em sua circulação. Ao afirmar que “Um jornal é ou deveria ser um espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo” (p. 21), o autor alerta sobre a necessidade de se produzir um jornal para o povo “pensar contra os fatos”. Desenvolver senso crítico. E isso implica diretamente na formação de bons jornalistas. O que é