Contos de edgar allan poe
O que faz de Edgar Allan Poe essencial é sua maestria em ambientar suas cenas. Ele constrói a tensão aos poucos, engajando o leitor a desvendar o próximo passo, o próximo parágrafo, o próximo barulho estranho. E essa ambientação está especialmente presente em O Barril de Amontillado. Neste conto, Montresor, um conaisseur de vinhos italiano e narrador da história, decide vingar-se de um desafeto – Fortunato – após uma série de insultos e lesões (não claro se físicas ou psicológicas).
Montresor planeja com cuidado sua vingança de modo a permanecer impune. Ao encontrar Fortunato em meio às comemorações italianas de carnaval, ele desperta uma espécie de desejo mórbido neste ao mencionar en passant que em sua adega haveria um barril de Amontillado de origem escusa. Fortunato, também ele conaisseur, e dos mais apaixonados, não se faz de rogado e – contra diversas invectivas habilmente formuladas por Montresor – se decide a provar o tal do Amontillado.
Vestido como um Bobo da Corte, com direito ao chapéu com guizos, Fortunato acompanha Montresor à sua adega. Esta é ampla, vasta, e formada por várias celas, que vão diminuindo e ficando cada vez mais tomadas pela umidade e pelo salitre. Fortunato, sem estar vestido de acordo para um ambiente frio, começa a sentir os efeitos de respirar um ar intoxicado, e apoia-se mais e mais no braço de Montresor. Ao chegar na última sala, decorada à moda das catacumbas de Paris, eis que Fortunado encontra não o barril de Amontillado, mas a vingança do protagonista.
Todo este enredo é construído basicamente em torno de um singelo diálogo entre Fortunato e Montresor,