Contexto s cio hist rico feliz ano velho
Em Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, tem-se uma narrativa que agrega as características da literatura moderna, permitindo que a obra seja analisada tomando como parâmetro o processo de inserção social do autor e a sua manipulação da linguagem no intento de causar estranhamento ao leitor para, assim, despertar neste algum tipo de reação.
Com tom irônico e bastante crítico, o romance retrata as experiências sofridas pelo protagonista durante um momento de grande transformação em sua vida particular. Marcelo, o narrador, é um jovem à procura de um ideal: superar com humor e verdade alguns traumas de sua vida, como o desaparecimento político do pai, o deputado socialista por São Paulo, Rubens Beyrodt Paiva, e o acidente que o deixou deficiente aos 20 anos de idade. Marcelo conta sua história com mestria, revelando sentimentos que o ligam à sua geração. A sinceridade sem limites do autor e a forma como aborda alguns temas da época tocam com sutileza em alguns tabus, entre eles o erotismo. Mais do que memórias, Marcelo Rubens Paiva traça um retrato da geração nos fins dos anos 70 e início dos 80.
Na segunda metade do século XX, a propósito, o Brasil experimentou, em particular durante o período ditatorial (1964-1985), as mais diferentes pressões impostas pela classe dominante. Os poderes de que a ditadura passaria a dispor não apresentavam limites. A brutalidade cometida pela classe dirigente, recalcada no apoio militar, gravitava em torno das repressões das contestações armadas por meio de torturas, execuções e perseguições variadas; perda dos direitos políticos; financiamento da montagem do aparelho repressivo, dentre outras.
O texto de Marcelo Rubens Paiva, entre outras coisas, vem demonstrar a consciência política do escritor em meio a violências e opressões sociais. Constitui um instrumento de denúncia da repressão e das torturas impostas pelo regime da Ditadura Militar instaurada em 1964.
Na passagem abaixo, o escritor expõe sua