Contabilidade
Negros têm espaço crescente na sociedade, mas a manutenção dos níveis de desemprego por volta de 25% é ameaça a estabilidade social do país
Dubes Sônego | 27/08/2012 05:00:00
[pic][pic]AP
Mineiro escuta discursos de autoridades próximo à mina de platina da Lonmin, onde 34 mineiros em greve foram mortos pela polícia
A África do Sul é um país que padece em aparente tranquilidade. Do alto e em áreas restritas, cidades como Johanesburgo parecem tão ricas e seguras quanto algumas metrópoles europeias. Da janela do avião, na aproximação para aterrissagem no aeroporto de OR Tambo, é possível identificar um mosaico de condomínios que se estende até o horizonte, onde casas de várias águas, com quintais amplos e piscinas, se intercalam em ruas arborizadas. Shoppings centers oferecem grifes de todas as partes do mundo. E tudo é interligado por largas avenidas.
Leia também: Presidente da África do Sul ordena inquérito sobre mortes de mineiros
É só eventualmente, em episódios como a morte de 34 mineiros pela polícia, na mina de platina da Lonmin, em Marikana, que a ponta mais visível da encruzilhada que vive a África do Sul atravessa essa redoma. Encaminhada a questão racial, o país precisa encontrar um modelo de desenvolvimento que reduza rapidamente o desemprego e o abismo que separa ricos de pobres. Dois anos após a Copa do Mundo e a conclusão de projetos bilionários, justificados pelos ganhos econômicos que deveriam gerar no longo prazo, os sul-africanos estão diante dos mesmos problemas de antes. Mas em clima político mais instável.
[pic]Getty Images
Cidade do Cabo, na África do Sul: ruas de áreas turísticas patrulhadas por seguranças privados.
O modelo de desenvolvimento econômico atual tem funcionado pouco para reduzir a pressão social. Encravada no extremo sul do continente e afastada milhares de quilômetros de qualquer um dos grandes mercados mundiais, após o fim dos