Contabilidade
O elevador em vez de descer, subiu ate o 11º andar, abriu a porta interna e não abriu a externa, apresentou um movimento seguido de um barulho e parou. Apertei os botões de emergência e tentei manter contato através do painel, sem sucesso. Após uns 10 minutos, começamos a gritar por socorro. Acompanhantes e pessoal da limpeza do 11º tentaram nos acalmar. Alguém do lado de fora chegou a dizer que essa era a terceira vez nesse dia que isso acontecia.
O paciente que é portador de fratura de fêmur, incontinência urinaria e desorientação começou a gritar que eu desse um jeito de tira-lo dali, queixando-se muita dor e urinando no chão do elevador. Ele, apesar da fratura, tentava levantar e arrastava-se em direção a porta.
Na intenção de proteger a integridade do paciente que estava na minha responsabilidade e movido por uma experiência que nunca tinha vivido, forcei a porta e a puxei para dentro do elevador, tirando o paciente com a ajuda de um funcionário da Juiz de Fora e logo em seguida consegui sair. Providenciei outra cadeira e conduzi o paciente a outro elevador e em seguida, ao Rx. Deixei-o e retornei ao 2º andar para comunicar o ocorrido ao enfermeiro de plantão.
Em momento nenhum tive a intenção de depredar o patrimônio publico, pois todos nós dos andares sofremos com o atraso de alimentação, roupas, cirurgias atrasadas, filas de visitantes que levam mais tempo aguardando o elevador do que com seus entes queridos. A minha ação foi motivada pela responsabilidade que tenho com os pacientes que estão sob os meus cuidados.
Brasília, 04 de abril de 2012
Lindemberg Rosa Lopes
Mat.: