contabil
23 de dezembro de 2010 | 0h 00
Fonte: O Estado de S.Paulo
A inflação vai continuar elevada nos próximos dois anos, se nada for feito para conter a escalada dos preços, adverte o Banco Central (BC). O novo governo chegará à metade de seu mandato, no fim de 2012, com o consumidor ainda pressionado por aumentos de preços em torno de 4,8%, acima, portanto, do centro da meta (4,5%).
Este é o recado mais importante do recém-divulgado relatório trimestral de inflação, o último produzido na gestão de Henrique Meirelles como presidente do BC. A presidente eleita, Dilma Rousseff, deveria dar atenção à mensagem.
Quanto antes o problema for atacado, mais tempo ela terá para administrar o
País sem o pesadelo das pressões inflacionárias. As projeções para o crescimento econômico, para o desempenho fiscal e para as contas externas são mais otimistas, mas também merecem um exame crítico.
O substituto de Meirelles, Alexandre Tombini, atual diretor de Normas do BC, deve ter uma ideia clara do desafio e da urgência de novas medidas. Se fosse preciso um lembrete mais explícito, já estaria dado pelo diretor de Política
Econômica, Carlos Hamilton Araújo: a previsão, segundo ele, "sugere a necessidade" de um aumento dos juros no curto prazo.
Nenhuma dessas avaliações é realmente nova e isso corrobora a suspeita: a atual diretoria do BC apenas contemporizou, em seu final de mandato, adotando medidas para limitar a expansão do crédito e deixando a elevação dos juros para a próxima equipe.
As projeções das contas externas são apresentadas em tom muito mais otimista, mas o otimismo, nesse caso, é antes de tudo uma questão de perspectiva. Os técnicos do BC estimam para este ano um superávit comercial de US$ 17 bilhões, praticamente já realizado, e um saldo de US$ 11 bilhões para 2011.
Em outras palavras, a importação continuará crescendo mais rapidamente que a exportação - e o resultado só não será pior porque os preços das
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