Consumidores e comportamentos éticos
André Torres Urdan
A ÉTICA NOS NEGÓCIOS Na esteira do consumismo, como uma manifestação de preocupações sociais vocalizada desde os anos 1960, Aaker & Day (1982) mostram como virtualmente todas as instituições têm sido submetidas pelo público a crescentes exame crítico, ceticismo e perda de estima, formando um quadro de certa desilusão com o sistema socioeconômico. Aí entram as organizações judiciais, governamentais, universitárias, religiosas e, não menos, as de negócios. Diante desse panorama é que assoma a ética nos negócios como ética aplicada, ou seja, a aplicação da compreensão sobre o que é bom e direito para o conjunto de instituições, tecnologias, transações e atividades daquilo que se conhece como negócios (Velasquez, 1998:1). Pelo menos no exterior (países mais desenvolvidos), o estudo das questões éticas no ambiente de negócios tem atraído significativa atenção da pesquisa acadêmica. É uma resposta à crescente consciência pública e governamental a respeito dos efeitos sociais e ambientais das atividades empresariais (Rawwas & Singhapakdi, 1998). Isso está estampado nos hoje prestigiosos Journal of Business Ethics e Business & Professional Ethics Journal, embora esses periódicos só tenham vindo a lume na década de 1980 (Vitell & Muncy, 1992). Pode ser que essa tendência se esteja espalhando pelo mundo, embora as evidências científicas disso sejam menores. McGrath (1993), por exemplo, ao refletir sobre a Ásia, via a onda de mudanças políticas que varria aquela região apontando para uma mudança drástica das atitudes públicas, tendo em vista as pessoas cada vez mais cansadas da implacável corrupção que permeava os negócios e a política por décadas. Segundo ele, a mudança inevitável para economias orientadas para os clientes daria ao público a voz devida para obter o que era desejado. Então, como jamais acontecera em época alguma na Ásia, a ética nos negócios já seria um fator com impacto direto sobre