Construção de Tábuas de Sobrevivência
Jair Licio Ferreira Santos
Y.1 - Introdução
Quanto tempo vivem as pessoas? Esta pergunta de natureza muito simples, e que possivelmente tenha sido formulada por quase todos nós numa ou noutra ocasião, requer um procedimento técnico específico para poder ser adequadamente respondida. Não se está referindo, obviamente, à um indivíduo em particular: ninguém desconhece que a inexorabilidade da morte é acompanhada pela imponderabilidade do momento do seu acontecimento. O que se pretende com a resposta é, na verdade, caracterizar um grupo social, uma comunidade, uma sociedade quanto à sobrevivência de seus membros.
Por outro lado, em se conseguindo obter uma resposta adequada, obter-se-á uma informação de grande valia: a longevidade dos indivíduos traduz peculiaridades de suas existências quanto à saúde, doenças e condições gerais de vida. E o faz numa unidade de mensuração muito eloqüente, de entendimento simples e imediato: os anos vividos em média pelas pessoas daquele grupo.
A média de idade dos óbitos. Tentando responder à pergunta inicial, a idade média das pessoas que vieram a falecer durante um certo período de tempo – por exemplo, num certo ano calendário – não poderia nos indicar a longevidade da comunidade de onde procederam? A resposta é não, e este é um claro exemplo de que o que vale para um indivíduo em particular pode não ter a devida correspondência para o grupo social. Isto porque para um indivíduo, a sua idade por ocasião do óbito representa exatamente quanto tempo viveu. Mas ao se calcular a média dessas idades, estaremos reproduzindo as grandes influências da estrutura etária nessa medida. Assim, uma população com grande proporção de idosos terá uma média de idades por ocasião dos óbitos muito maior do que outra com grande proporção de jovens, mesmo que as condições de mortalidade (e conseqüentemente de sobrevida) fossem iguais nas duas