Construindo a escrita
LEITURA E
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
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Manual do Professor
Carmen Silvia C. Torres de Carvalho
Déborah Panachão
Sarina Bacellar Kutnikas
Silvia Maria de Almeida Salmaso
Carta ao professor
Este material é o produto de 14 anos de trabalho experimental. Nesses anos todos, tenho buscado compreender de que forma uma pessoa se apropria de um objeto de conhecimento para, de posse desse saber, pensar um meio de ajudar professores e alunos a realizarem uma apropriação da língua que seja efetiva e gratificante. Algumas idéias nortearam o trabalho. Em primeiro lugar, a consciência de que todo conteúdo, qualquer que seja ele, nunca é um fim em si mesmo. Ele é, sim, apenas um pretexto para se aprender a pensar o próprio conhecimento, para se compreender que aprender não é reproduzir verdades alheias, mas sim olhar para o mundo colhendo dados, transformando-os e tirando conclusões. Enfim, conhecer é produzir, e não reproduzir conhecimento. Esta descoberta da própria capacidade de produção de conhecimento tem sido fonte de energia interna para as pessoas olharem o mundo com seus próprios olhos (e não pelos olhos de outrem), acreditando no valor daquilo que vêem e pensam. Só dessa forma, acredito, é que podemos formar gente crítica e forte o bastante para saber-se capaz de ser agente transformador de sua própria vida e da realidade que a cerca.
Para que esse objetivo pudesse ser atingido, era necessário que a língua fosse vista como um objeto a ser descoberto, analisado nas suas múltiplas possibilidades de recortes, organizações e relações. Não mais como um conjunto de modelos e regras a serem introjetados, mas um sistema articulado a ser desvendado. Como uma teia onde o aluno pudesse ir se apropriando de cada fio e gradativamente tecendo a trama das relações e significações. Para tal seria necessário agir sobre a língua e não se submeter a ela. Seria preciso reinventá-la a todo instante, para descobri-la.
Esta postura de investigar o