Construcoes em betao
Júlio Appleton Professor Catedrático de Betão Armado e Pré-Esforçado do IST
O betão e as argamassas são utilizados como materiais de construção há milhares de anos, sendo então produzidos pela mistura de argila ou argila margosa, areia, cascalho e água. Há registos de que os materiais eram, quando necessário, transportados a distâncias de centenas de quilómetros, como é o exemplo de um pavimento de betão simples datado de 5600 AC em Lepenskivin {1}. Nas antigas civilizações estes materiais eram utilizados essencialmente em pavimentos, paredes e suas fundações. Os Romanos exploraram as possibilidades deste material com mestria em diversas obras – casas, templos, pontes e aquedutos, muitos dos quais chegaram aos nossos dias e são exemplos do elevado nível atingido pelos construtores Romanos. A título de exemplo referem-se o Panteon de Roma (com uma cúpula de 50m de diâmetro, de betão de inertes leves, realizado no ano 127 DC (Figura 1), o Aqueduto da Pont du Gard em Nimes (realizado em 150 DC no qual se utilizou o betão no canal de água e no interior do forro das cantarias Figura 2) e diversas pontes de alvenaria e betão ainda existentes em diversos países de que se salientam em Portugal a Ponte de Vila Formosa na N369 e a Ponte de Trajano sobre o Rio Tâmega em Chaves {3a e 3b}.
Figura 1 – Panteon de Roma {2}
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Vista Geral
Pormenor das Alvenarias
Figura 2 – Aqueduto da Pont du Gard em Nimes
Há registos de que os Romanos fizeram tentativas para armarem o betão com cabos de bronze, experiências não bem sucedidas devido aos diferentes coeficientes de dilatação térmica do bronze e do betão. Posteriormente e até ao século XVIII o betão tem uma utilização reduzida, quase exclusivamente limitada às fundações e ao interior de paredes de alvenaria. É com o desenvolvimento da produção e estudo das propriedades do cimento (Smeaton em 1758, James Parker em 1976, Louis Vicat em 1818) que culminou com