Considerações (im)possíveis sobre o narrador em “copromancia”
1390 palavras
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Walter Benjamin e Rubem Fonseca: Considerações (im)possíveis sobre o narrador em “Copromancia”O propósito deste trabalho é realizar algumas considerações sobre o texto “O narrador”, de Walter Benjamin (1986), tendo em vista um posicionamento diante da associação do texto ao conto base dos estudos de mestrado, “Copromancia”, de Rubem Fonseca (2001). Como muitos contos de Rubem Fonseca, “Copromancia” apresenta um narrador protagonista que narra alguns episódios de sua vida, rememorando nesse conto desde o contato com um arúspice que lhe apresentou a arte de prever o futuro pelos sinais do sistema digestivo até as suas próprias experiências em decifrar os códigos presentes no excremento. A narrativa do conto traz em sua tecitura informações e experiências, atrasando a introdução da narração dos fatos que conduziram o narrador-protagonista ao fúnebre. A razão dessa demora deve-se ao acúmulo de informações entrosadas à reflexão sobre a utilidade sobrenatural do excremento. Pela presença de informações ao conto, temos então o primeiro conflito com a aplicação da teoria de Walter Benjamin e o conto de Rubem Fonseca, pois, para Benjamin (1986), a informação é uma forma de comunicação ameaçadora, pois, diferente da experiência, a informação aspira a uma verificação imediata, incompatível com o espírito da narrativa (p. 202). Sem ela, o episódio narrado confere ao leitor a liberdade de interpretar a história como bem pretender. Isso porque, livre do contexto psicológico imposto pela informação, o leitor entra em contato com a narrativa que, diferentemente da informação, de natureza imediata, conserva suas forças de modo que é capaz de se desenvolver mesmo depois de muito tempo (BENJAMIN, 1986, p. 203-204), sobrevivendo ao tempo e sendo capaz de germinar. Essa característica é importante à arte de narrar para Benjamin (1986), pois a arte de contar histórias consiste em sempre ser contada de novo, não caindo no esquecimento e correr o risco de se perder, de modo que o dom