Considera Es Sobre Amor Liquido
Eu já havia lido “Modernidade Líquida” de Zygmunt Bauman do qual, apesar de esquerdista, o sociólogo faz um retrato bastante preciso da realidade de nosso tempo. Agora, em tom um pouco mais, digamos, profundo, Baumann aborda aquilo que chamou de “Amor Líquido”. Se a modernidade líquida é caracterizada por mudar conforme as modas, o “Amor Líquido” passa a ser encarado como a forma pelo qual os relacionamentos amorosos, e até mesmo pessoais, estão sendo encarados em nossa pós-modernidade. Faço aqui um resumo comentado do primeiro capítulo do livro:
- O Amor para o transcendente
No Banquete de Platão, a profetisa Diotima de Mantinéia ressaltou para Sócrates, com a sincera aprovação deste, que “o amor não se dirige ao belo, como você pensa; dirige-se à geração e ao nascimento no belo”. Amar é querer “gerar e procriar”, e assim o amante “busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa gerar”. Em outras palavras, não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.
A partir disso, Baumann discorre sobre a essência do amor: ser refém do destino. Uma vez que não é possível fugir do fato do futuro ser incerto, além da constatação de que os dois seres não podem ser conhecer inteiramente um ao outro, passa-se a impressão de que o amor depende de um capricho do Destino. No entanto, antes de temer o destino, o amor deve buscar abrir-se ao destino, admitindo a liberdade do ser de se incorporar no companheiro no amor, complementando com a citação de Erich Fromm: “A satisfação no amor individual não pode ser atingida sem a humildade, a coragem, a fé e a disciplina verdadeiras. [...] uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre,