Consequencias economicas da paz
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO Uma característica marcante da humanidade é a capacidade de se adaptar ao meio. Achamos que algumas de nossas vantagens posteriores, das mais peculiares e temporárias, são naturais e permanentes; pensamos que é possível contar com elas, e com base nesta premissa fazemos os nossos planos. Estamos preocupados em recolher os fios da nossa vida onde os deixamos cair, com uma única diferença: muitos de nós parecemos bem mais ricos do que antes. Onde antes da guerra gastávamos milhões aprendemos agora a gastar centenas de milhões, aparentemente sem qualquer problema. Naturalmente, não exploramos ao máximo as possibilidades da nossa vida econômica. Todas as classes fazem planos: os ricos para gastar mais e poupar menos, os pobres para gastar mais e trabalhar menos. Para quem viveu em Paris a maior parte dos seis meses que sucederam o armistício, uma visita ocasional a Londres era uma experiência estranha. A Inglaterra ainda se encontra fora da Europa, cujos tremores silenciosos não a alcançam. A Europa está afastada e a Inglaterra não é parte do seu corpo e da sua alma. Mas a Europa continental é una: França, Alemanha, Itália, Áustria, Holanda, Rússia, Romênia e Polônia vibram juntas - têm uma só estrutura e civilização. Paris foi um pesadelo, e todos estavam envolvidos por uma atmosfera de morbidez. As decisões tomadas pareciam prenhes de consequências para o futuro da sociedade humana; contudo, o contexto insinuava que as palavras não tinham peso - eram fúteis, insignificantes, sem efeito, dissociadas dos fatos. No entanto, em