Conhecimento escolar: epistemologia e política

1912 palavras 8 páginas
No capítulo intitulado “Conhecimento escolar: epistemologia e política”, Cortella mostra uma análise da Educação feita por Cormenius em 1632, na qual são apontados a ignorância, inveja maldosa, desamparo e exaustão pessoal como causas da “desordem escolar”. Para ultrapassar esse olhar amargo sobre a Escola e sobre o sentido social do que fazemos, dependemos da compreensão política que tivermos da finalidade de nosso trabalho pedagógico.
1. A relação Sociedade/Escola: alguns apelidos circunstanciais
O otimismo ingênuo é a concepção muito comum entre os educadores e que foi predominante no Brasil.
O otimismo ingênuo atribui à Escola uma missão salvífica, ou seja, ela teria um caráter messiânico; nessa concepção, o educador se assemelharia a um sacerdote, teria uma tarefa quase religiosa e, por isso, seria portador de uma vocação. Na relação com a Sociedade, a compreensão é a de que a Educação seria a alavanca do desenvolvimento e do progresso; (...) Essa concepção é otimista porque valoriza a Escola, mas é ingênua pois atribui à ela uma autonomia absoluta na sua inserção social e na capacidade de extinguir a pobreza e a miséria que não foram por ela originalmente criadas. (CORTELLA, 2009, p.110) Nessa concepção, a Escola seria suprassocial, desligada das classes sociais e servindo a todas indistintamente, e neutra. Por estar politicamente desinteressada pode configurar o que é chamado de inocência útil. Esta posição predominou quase isoladamente até meados dos anos 1970, quando entrou em cena o pessimismo ingênuo, apoiado na noção central de que a Educação tem a tarefa de servir ao Poder e é dele um instrumento de dominação. “Esta [concepção] defende a ideia de que a função da Escola é a de reprodutora da desigualdade social, com um caráter dominador; nela, o educador é um agente da ideologia dominante, ou seja, um mero funcionário das elites.” (CORTELLA, 2009, p.112) A Escola sofreria uma determinação absoluta das elites sociais que a controlam. Caberia a

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