conhecimento cientifico
Milton de Abreu Campanario
Milton Freitas de Chagas Junior
I. Introdução
Aristóteles argumentava, em sua obra Ética a Nicômaco, que o homem desenvolve três atividades básicas: theoria, poiesis e praxis. Cada modalidade geraria um tipo de conhecimento, respectivamente: teórico, cujo objetivo seria a verdade; poético, cujo significado original era “produzir” (hoje é “relativo à poesia”), que geraria a produção sistemática; e prático, cujo objetivo seria a ação. A partir deste fundamento aristotélico, a natureza da pesquisa científica ficou cunhada como básica (teórica) ou aplicada (voltada à ação). O objetivo deste capítulo é explorar o conceito de “pesquisa básica” em contraposição ao de “pesquisa aplicada”, conceitos centrais da área de metodologia e filosofia da ciência, mostrando os seus fundamentos importância na construção do conhecimento, com destaque para o método dedutivo com teste, que é atribuído a Karl Popper. Juntamente com uma tentativa de classificação da pesquisa, alguns exemplos da área da ciência social aplicada são inseridos de forma a ilustrar como o modelo pode ser utilizado nesta área do saber.
II. Fundamentos do trabalho científico
Existem muitas definições da prática ou trabalho científico. Sua evolução pode ser apreciada, por exemplo, no inventário feito por Omnès (1996). De uma forma geral e sem pretender elaborar um raciocínio epistêmico, o trabalho científico busca a construção e a divulgação de novos conhecimentos em um determinado tema ou campo de pesquisa, com base em novos achados e descobertas, junto à realidade ou, ainda, como resultado de raciocínio lógico. Mas, talvez sua característica mais marcante seja decorrente da constatação filosófica de que, tal qual todo pensamento, a ciência é uma representação da realidade, um modelo teórico ou imaginário de como a realidade se instala e se comporta. John Loke e David Hume, como grandes ideólogos do empirismo