Conhece-te a ti mesmo - josé outeiral
Caro leitor, trato de avisá-lo de que quem o convida para leitura é um médico e psicanalista, e, principalmente, um indivíduo que aprecia uma conversa. Este livro não pretende ser um texto científico; busco apenas trazer algumas idéias, uma colagem, rabiscos. Quero trocar idéias sobre a frase Conhece-te a ti mesmo. Isto é o que eu quero: pensar. Assim, fique avisado, este não é um livro de auto-ajuda.
Fique também avisado, curioso leitor, que absolutamente, não é minha intenção responder à pergunta sobre como fazer para conhecer-se a si mesmo. Como, Blanchot, acredito que o pior de uma pergunta é uma resposta que pode acabar com a curiosidade de quem questiona; e mesmo porque não tenho a resposta! Na verdade, como veremos, somente podemos nos conhecer parcialmente de maneira muitas vezes enganosa. Entre outras razões, porque nós somos indivíduos inseridos em um tempo: presente, passado e futuro; quem fomos ontem não somos hoje, e quem somos hoje não seremos amanhã. Sigamos adiante, buscando, com a ajuda dos pensadores, avançar nessa questão.
Podemos continuar nossa conversa com um filósofo da antiga Grécia, Sócrates (469 ou 470-399 a.C.). A filosofia de Sócrates acreditava que cabia ao homem conhecer a si mesmo. Sócrates tinha como atividade questionar, perguntar e assuntar, especialmente sobre o homem e o que ele sabia de si. Ia de pergunta em pergunta, não tão interessado na resposta, mas na questão do “conhecer-se”, chegando a dizer, de tão sábio: só sei que nada sei. A importância de Sócrates foi tal que foi determinante, inclusive em “períodos” na história da filosofia: pré-socrático e pós-socrático.
A inquietação de Sócrates e suas indagações, sua curiosidade constante e sua obstinação em questionar terminaram em uma condenação à morte por “corrupção da juventude”; e ele comete suicídio ingerindo cicuta, o veneno de uma planta que crescia nos pântanos de Atenas.
Sabemos que desde sua “criação” o homem tentou pensar sobre si mesmo,