conflitos-ética dos medicamentos
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A ética do medicamento: múltiplos cenários
ISSN 1810-0791 Vol. 4, Nº 8
Brasília, julho de 2007
Lenita Wannmacher*
“Pratique duas coisas ao lidar com as doenças: auxilie ou não prejudique o paciente.”
Hipócrates (circa 430 a.C.).
Parágrafo 12, livro 1 da obra Epidemia1.
“O homem guiado pela ética é o melhor dos animais; quando sem ela, é o pior de todos.”
Aristóteles (384-322 a.C.).
Introdução
A
ética precisa permear cenários variados e servir como decisivo determinante da correta tomada de decisão terapêutica, incluindo a prescrição de medicamentos.
Para a consecução de correta prescrição conjugam-se saber e arte médicos. O prescritor se vale de processos de pensamento racionais e intuitivos para consolidar sua recomendação terapêutica2. O saber provém do conhecimento de evidências contemporâneas, construídas a partir de consolidada metodologia científica e, por isso, capazes de gerar graus de recomendação. A arte engloba empatia do terapeuta pelo paciente (mera presença e atenção por vezes são suficientes para a melhoria clínica), respeito por suas crenças e peculiaridades (paciente como parceiro), preocupação com a informação a ser-lhe fornecida (auxilia no cumprimento das recomendações), capacidade de convencimento para garantir adesão ao tratamento e desejo de contribuir para satisfação e qualidade de vida do paciente.
A ética deve estar fortemente presente em ambos os aspectos.
Para garantir um saber atualizado, o profissional tem o dever ético de manter educação continuada para estar ciente dos avanços de uma ciência mutável e permanentemente alimentada por novas
evidências. Não é ético desconhecer medidas que possam reduzir significativamente morbidade e mortalidade. A arte do atendimento se espelha no compromisso subjetivo de garantir que as condutas atinjam os objetivos terapêuticos e sejam satisfatórias para o paciente. A atenção ao Princípio da