Conflitos Sociais
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Por Heli Gonçalves Moreira
Sócio-diretor da HGM Consultores
Abril/2011
O conflito social de enormes proporções que estamos assistindo hoje com o conjunto de obras gigantescas do PAC espalhadas pelo Brasil apresenta, ao mesmo tempo, causas estruturais, ideológicas, latentes e conjunturais. Este tipo de fenômeno já foi observado em outras épocas de nossa história contemporânea, como por ocasião do Governo Sarney, eleito indiretamente e sucedâneo de vinte anos de regime militar, ocasião em que o Brasil vivenciou o maior surto de greves de sua história. Porém, o que fazer para prevenir a ocorrência de conflitos coletivos? Para responder a esta questão se faz necessário analisar os diferentes tipos de causas. As causas estruturais são duradouras, enraizadas, de difícil eliminação, demandando muita sensibilidade social, vontade política, esforços coletivos e grandes investimentos. No caso das obras do PAC são representadas pela falta de infra-estrutura local para abrigar tanta gente ao mesmo tempo, deficiências no combate ao crime organizado que se aproveita da situação para prosperar, pelas grandes distâncias das residências dos trabalhadores, pela ausência das suas famílias, entre outras. As causas ideológicas normalmente emanam de grupos sociais específicos e representam um conjunto de ideias, valores e crenças e, como as anteriores, demandam esforço e tempo para sua divulgação e assimilação por uma massa crítica capaz de promover ações na direção de seus interesses. No caso presente são representadas pelo conflito de interesses e atuação de diferentes grupos sociais, como: MAB - Movimento dos Atingidos pelas Barragens, Movimento dos Sem Terra, Sindicatos dos Trabalhadores, Centrais Sindicais, entre outros. As causas latentes são aquelas que, apesar de ocorrerem de forma natural no cotidiano das relações no trabalho, não se manifestam, permanecem escondidas,