Conflito entre padres jesuitas e colonos paulistas
RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar a natureza do conflito entre os padres inacianos e os colonos paulista na Capitania de São Vicente, no período compreendido entre 1611 a 1640. A essência desse embate estava na divergência entre colonos e os padres inacianos sobre a administração da mão-de-obra indígena. Nesse sentido, analisarei a questão da importância do trabalho indígena na Capitania de São Vicente e as causas que levaram a expulsão dos padres jesuítas por 13 anos da referida Capitania, apontando que e o Breve do Papa Urbano VIII, Commissum Nobis de 1639, sobre a “Liberdade dos Índios da América” só foi estopim do confronto direto entre colonos e jesuítas e não a única causa deste conflito.
Palavras Chaves: Jesuítas, Conflito, Brasil Colônia, Escravidão Indígena
Introdução A questão da escravidão indígena foi um dos pontos de maior tensão durante o período colonial no Brasil e envolveu os diferentes setores dessa nascente sociedade: os moradores, os jesuítas, os funcionários régios na Colônia, a Coroa, e, obviamente, os próprios indígenas. Em São Paulo colonial, essa questão da escravidão indígena foi mais intensa e conflituosa, pois a base da agricultura comercial estava ligada a mão-de-obra escrava indígena, assim como sua sociedade e cultura. “A especificidade do planalto paulista residiu na instalação de um sistema produtivo que, para ser realizado, demandou uma luta política e jurídica para garantir estruturas legais mínimas que fundamentassem o regime compulsório do trabalho.”(FREITAS, 2006, p.1) Em suma, a expulsão dos jesuítas foi provocada pela forte oposição que esses padres faziam à escravização dos índios. Essa oposição foi acirrada pelo Breve de Urbano VIII, de 22 de abril de 1639, que proibia o cativeiro dos índios. Embora essa abordagem