Conferência de Bandung
1 INTRODUCAO
Os fundamentos históricos do processo de descolonização afro-asiático encontram-se no declínio dos velhos impérios coloniais, no processo de transnacionalização do capital – sobretudo norte-americano – e na maturação dos movimentos de libertação nacional. As guerras mundiais e da ascensão dos EUA como novo polo hegemônico do capitalismo mundial enfraqueceram o domínio autárquico das metrópoles sobre suas colônias. A ideologia internacionalista norte-americana fora consagrada na Carta da ONU, a qual defendia a emancipação política do mundo colonial e representava um eficaz instrumento da estratégia estadunidense.
A economia e as finanças dos EUA desenvolveram-se consideravelmente durante a Guerra, e a exportação de produtos manufaturados e o investimento do excedente de capital do país tornaram-se necessários, bem como a expansão de suas empresas transnacionais, o que tornava vital elidir qualquer forma de protecionismo que pudesse se tornar empecilho à livre circulação desses manufaturados. Nesse cenário, Washington iniciou uma guerra paralela contra seus aliados europeus, em plena Guerra Fria. O terceiro componente da descolonização foi a crescente mobilização e consciência anticolonialista dos povos dominados, consequência da Segunda Guerra Mundial também reforçado pelo apoio da URSS e da China Popular mediante propaganda e, em alguns casos, ajuda material.
Nesse contexto, as consequências do primeiro processo de descolonização foram iminentes. A Conferência de Bandung reuniu 29 países - 15 da Ásia (Afeganistão, Birmânia, Camboja, Ceilão, República Popular da China, Filipinas, Índia, Indonésia, Japão, Laos, Nepal, Paquistão, República Democrática do Vietnã, Vietnã do Sul, e Tailândia ); 9 do Oriente Médio (Arábia Saudita, Egito, Iêmen, Irã, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria, e Turquia ); e somente 5 da África ( Costa do Ouro (atual Gana), Etiópia, Líbia, Libéria e Sudão ) - entre 18 e 24 de Abril de 1955, com o