condicionantes da acao humana
O primeiro tipo de condicionantes da ação humana é de ordem física: ainda que as ações não se possam identificar estritamente com movimentos físicos (como vimos no capítulo anterior), é óbvio que o seu alcance depende da estrutura anatómica e fisiológica do agente. Ainda que o queiramos, nãopodemos voar sobre o mar ou passear-nos tranquilamente no seu fundo (a não ser no interior de aviões ou de escafandros). A estrutura do nosso corpo e a sua relação com o meio ambiente condicionam aquilo que podemos fazer e como o podemos fazer.
O segundo tipo de condicionantes da ação humana é de ordem psicológica: a personalidade, o caráter, a força de vontade ou a falta dela, os estímulos e as respostas, são aspetos que nos permitem prever, a propósito de cada indivíduo, qual é o tipo de ações que dele podemos esperar ou que conduta será, nele, a mais provável. Ainda que o queiramos, não conseguiremos ser bombeiros se formos pirómanos compulsivos.
O terceiro tipo de condicionantes da ação humana é de ordem cultural: as vivências, as normas, as tradições, os hábitos e costumes, e todas as circunstâncias políticas, económicas e sociais que, enquanto agentes, nos relacionam com outros agentes, condicionam claramente as nossas ações. Ainda que o desejemos, não devemos apoderar-nos do telemóvel de outrem sem o seu consentimento, regra cuja observância coloca também o nosso telemóvel a salvo daquele que o poderia cobiçar — mesmo que seja alguém fisicamente muito mais forte do que nós.
A classificação das condicionantes da ação humana nestes tipos não exclui a existência de uma relação estreita entre condicionantes de ordem física, psicológica e cultural. Por outro lado, aquilo que aqui chamámos «condicionantes» não deve ser entendido como limitadores da ação, no sentido de constituírem somente restrições ao nosso poder para agir: pelo contrário, é óbvio que grande parte daquilo que está ao nosso alcance fazer surge porque vivemos numa sociedade que