Concretismo
Faz parte da natureza humana achar que o momento atual de sua vida é o mais avançado do ponto de vista científico e tecnológico. Esquece-se com facilidade das contribuições do passado e muitas vezes o julga com superioridade. Atualmente vive-se um momento de ecletismo nas artes visuais, resultado de um processo de ruptura acadêmica que teve seu início no final do século XIX. Os movimentos artísticos do século XX foram tantos e aconteceram de maneira tão rápida que até hoje não foram assimilados completamente.
Uma característica atual das artes plásticas no Brasil é a ausência de debates fervorosos fora do âmbito acadêmico, dos museus e das revistas especializadas. Os próprios artistas passaram a trabalhar cada vez mais isolados, num contato restrito com galerias e museus, ignorando muitas vezes o público. Porém, houve um tempo no Brasil em que o debate sobre arte era feito com freqü.ncia na imprensa escrita e nos ambientes culturais. Um célebre debate aconteceu na década de 50 do século passado, envolvendo dois grupos artísticos, um de São Paulo (Ruptura) e outro do Rio de Janeiro (Frente). Como representantes da vanguarda construtiva no Brasil, ambos tinham um desejo ambíguo: ascender ao mundo desenvolvido e dele se emancipar. As ideologias construtivas estavam ligadas ao desenvolvimento cultural da América Latina no período de 1940 a 1960, onde se ajustaram perfeitamente aos projetos reformistas e aceleradores dos países deste continente, servindo como agentes da emancipação cultural nacional frente à influência européia.
A estética predominante era o Concretismo, cuja essência era a arte abstratogeométrica, isenta de qualquer figuração ou imitação da realidade imediata. Esta arte tinha um forte comprometimento social, de integração e educação da sociedade, herança do construtivismo soviético. As formas e os símbolos geométricos tinham um caráter universalista, específico da arte após a Segunda Guerra Mundial. Optar pela arte concreta nos anos 50