Conclusão Etiénne
O título da obra por si só já é provocativo visto que traz indagações do tipo:
Como se pode servir de forma voluntaria?
Como se sacrifica a própria liberdade por livre e espontânea vontade?
Etiénne questiona as possíveis causas que induzem o homem e, não só o homem, mas os povos, a se curvarem à vontade de apenas um indivíduo, um tirano. Este discurso trata-se de uma indignação de Ettiénne à opressão que o povo se permite sofrer.
Talvez por ser um homem do Estado e por viver em um século marcado pela extrema censura, como por exemplo, a contrarreforma e a inquisição, em seu discurso é bastante notável o sentido libertário de suas palavras.
A contrarreforma é o nome dado ao movimento que surgiu na Igreja Católica e que, teria sido uma resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517. A Igreja se tornara dona de muitas terras, riquezas e poder – o que Lutero contrariava. Com a reforma, a Instituição havia perdido o domínio da Inglaterra e, para retomá-lo, reabriu o Tribunal da Santa Inquisição, publicou o “Index Libro rum Prohibitorum” (onde listava todos os livros considerados hereges por pregar contra os dogmas da Igreja), realizou o Concílio de Trento (garantindo a autoridade papal) entre outras medidas.
A inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas hereges. Foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos àqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica.
De acordo com La Boétie, o próprio homem insere-se na servidão e perpetua seu sofrimento, uma vez que para ele é muito mais fácil ser conduzido, servir e obedecer ao sistema do que tomar as rédeas do próprio destino, rompendo com o que se conhece e mudando sua situação.
De acordo com Marilena Chauí “a tirania não é o ato de força ou violência de um homem ou de um bando de homens, mas nasce do desejo de servir e é o povo que gera seu próprio infortúnio, cumplice dos tiranos”. Ou seja, o poder