Concepções e atuação profissional diante das queixas escolares: os psicólogos nos serviços públicos de saúde
- Na década de 80, Patto (1987), com o objetivo de conhecer a maneira como os psicólogos representavam a realidade social e escolar e o desempenho desses profissionais nas escolas no município de São Paulo, chamava a atenção para os equívocos e incompreensões presentes na formação do psicólogo em relação ao atendimento dos problemas escolares das crianças provenientes das camadas populares. Convictos de que os alunos eram deficientes e/ou diferentes e que os professores não os compreendiam em suas deficiências (p. 173), a atuação dos psicólogos focalizava dois aspectos: os alunos e os professores. Com o intuito de desenvolver nos alunos atitudes e comportamentos esperados pela escola, realizavam treino de agilidade motora, trabalhavam com a disciplina e obediência às regras escolares, isto é, buscavam a integração da criança desajustada aos padrões de comportamento desejados e a eliminação dos comportamentos inadequados (p. 185). Com os professores, o trabalho voltava-se à sensibilização deles para os aspectos educacionais tais como a discussão do processo de aprendizagem e suas dificuldades, buscando auxiliá-los no desempenho mais eficiente da sua tarefa, embora não discutissem as posturas autoritárias que poderiam estar influenciando os comportamentos indesejados dos alunos.
- Almeida (1992), com o objetivo de investigar e compreender as concepções que os psicólogos escolares tinham das dificuldades de aprendizagem, verificou que eles acreditavam que tais dificuldades advinham de deficiências dos alunos, de atraso cognitivo ou de problemas emocionais, relacionados à desestruturação familiar, isentando a escola, os fatores psicopegagógicos e o processo ensino-aprendizagem da responsabilidade pelos problemas escolares (p. 265). Tal postura levava os psicólogos a direcionarem a sua atuação apenas para os aspectos