Concepções teórica e a prática do professor
Wallon foi, dentre os psicólogos do início do século XX que formularam teorias sobre o desenvolvimento da criança, um dos que propuseram uma psicologia genética, histórica e dialética do desenvolvimento. Genética e histórica porque procura explicar o indivíduo pela história da espécie humana, a espécie pela história do fenômeno da vida e este pela atividade de um ser que é matéria animada pela conjunção e interação de fatores físicos, biológicos, psíquicos e sociais. Dialética, porque considera a unidade entre a matéria e o pensamento, o sujeito e o objeto, unidade que se expressa como síntese evolutiva e dinâmica entre a atividade prática do homem no mundo e sua possibilidade de conhecer e transformar a si e a realidade.
Tal linha de pensamento coloca-se como inovadora em relação a outras concepções psicológicas que se ocupam da "matéria" como existência dada e que se manifesta a um sujeito com capacidade de pensamento. De acordo com Merani (1966), o pensamento de Descartes continua como tela de fundo dos psicólogos que formulam teorias pautadas por um materialismo mecanicista pelo qual o crescimento e o desenvolvimento se justapõem como resultado das experiências vividas pelo indivíduo ou por um idealismo racionalista pelo qual se credita ao homem uma capacidade inata e intuitiva de apreensão da realidade.
A concepção walloniana sobre o desenvolvimento infantil impõe a perspectiva das interações entre as condições biológicas, de um lado, e as da vida em sociedade, de outro, como fonte das transformações pelas quais o indivíduo passa ao longo da vida, um processo marcado por equilíbrios instáveis e por conflitos administrados em cada tempo e lugar de maneira peculiar, o que mostra a importância dos processos de socialização no desenvolvimento (Wallon, 1998).
No que diz respeito à educação, as diferentes concepções sobre o desenvolvimento e a aprendizagem trazem conseqüências para a prática pedagógica. Assim,