Concepção africana de vida e morte
O adjetivo “africana”, acima mencionado e que qualifica a palavra filosofia, é formado a partir do termo “África” que, segundo alguns estudiosos da linguagem, deriva do Grego “aphriké”, do Berbere “awrigas”, de “afryquah” significando colônia, e do Latim “aprica” significando “exposto ao sol”.~
Desse último significado da palavra África, ou seja, exposto ao sol, e da inconstância sócio-econômico-política do continente africano, forja-se falaciosamente a idéia de que o povo africano não tem “queda” para filosofia, não tem “cabeça” para abstração, para metafísica. Será isso verdade? Não há nessa opinião um preconceito que remonta a Homero, Aristóteles, Platão e outros?
A expressão ”filosofia africana” pode parecer estranha para muitos, no entanto, o povo africano filosofa, tem “cabeça filosófica”.
Senão vejamos: Metafisicamente falando, os africanos possuem palavras e termos que remetem à idéia, a conceitos ontológicos, tais como, em Iorubá (língua africana): “ni” significa ser, ”mõ” significa conhecer, ”ofifo” significa o nada.
Em Banto (outra língua africana): “ntu” expressa a idéia de ser. A partir do conceito de ser (ntu), a cultura banta deriva quatro categorias de tudo o que se pode conhecer: 1. “muntu” conceitua o ser-de-inteligência (o ser humano); 2. “kintu” significa o ser-sem-inteligência (as coisas); 3. “hantu” expressa o ser-localizador (lugar-tempo); 4. O ser-modal (modificação do ser).
Além dessas quatro categorias, na filosofia africana, especificamente a filosofia banta, são de suma importância estes conceitos: unificação de lugar e tempo, distinção entre o existir e o viver
Os bantos (etnia africana) chegam à idéia de que lugar e tempo são concomitantes, baseados na localização dos existentes, uma vez que "qualquer existente, assim que surge, supõe necessariamente o antes e o depois".Ao lado disso, a diferença entre o existir e o viver se faz, na filosofia banta, da seguinte forma: o existir é abrangente, geral,