A neurose, segundo dicionário de psicanálise de Roudinesco (1998), foi um termo primeiramente inventado pelo médico escocês William Cullen, em 1769. O termo foi proposto para a designação genérica de um conjunto de problemas somáticos que não apresentassem febre nem relação com qualquer órgão. Jean Martin Charcot, um século depois, popularizou o termo, relacionando-o com a histeria e a colocando como um tipo de neurose. Depois de ter se encontrado com Charcot, Sigmund Freud também começou a definir a histeria como uma neurose e, a partir de 1894, Freud adota o termo psiconeurose, que depois abandonaria, para ampliar a definição de neurose. Freud distingue psiconeuroses classificadas como de defesa e as psiconeuroses narcísicas. As psiconeuroses de defesa sendo, ainda, dividas em três tipos: de fobia, de obsessão e histeria. Em seu texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1949), Freud explica as psiconeuroses como sendo sustentadas por forças pulsionais sexuais que mantêm as manifestações patológicas. Para se entender melhor o que quer dizer essa frase e se poder analisar mais a fundo a questão das psiconeuroses é preciso explicitar como se dá esse processo que sustenta as manifestações patológicas, ou seja, o recalque, e seus elementos. Os sintomas de pacientes histéricos são, para Freud (1949), substitutos de processos psíquicos, desejos e vontades, carregados de energia libidinosa que, por ação desse processo chamado recalque, foram impedidos de chegarem a consciência e de se realizarem. Freud afirma que os acontecimentos e as influências existentes no fundo de toda psiconeurose não pertencem somente a questões atuais, mas principalmente a uma época antiga na vida da pessoa, à sua primeira infância, mais precisamente, tendo sido esquecidos depois, embora só em certo sentido, pelo doente (Freud, 1892-1899). Esses processos psíquicos são mantidos, então, em um estado de inconsciência, e lutam para obter uma expressão que seja adequada para sua carga