Conceito de saúde mental no livro o alienista

O conceito de saúde mental apresentado na obra de Machado de Assis, O Alienista, é fortemente ligado ao conceito de loucura e sua classificação, apresentação, origem, do ponto de vista de uma dita ciência exploratória, com tradições nosológicas, como no trecho do capítulo II: “[...] estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar-lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal”. É retratada também a maneira de lidar com os loucos naquela época: “[...] cada louco furioso era trancado em uma alcova, na própria casa, e, não curado, mas descurado, até que a morte o vinha defraudar do benefício da vida; os manos andavam à solta pela rua”. E o protagonista diante desse costume, o alienista Simão Bacamarte, de quem parte a ideia de criar a Casa Verde, um asilo de loucos para serem estudados, parte de um princípio de tratamento, também um pouco mais humano na forma de lidar, quando pede licença para “agasalhar e tratar no edifício que ia construir todos os loucos de Itaguaí”, e de não isolamento, mas viver em comum, o que era inovador para época.
A loucura é vista de três diferentes maneiras ao decorrer do enredo. A primeira concepção é de loucura como anormalidade, tudo que foge no conceito de certo, comum, normal, bem definido no trecho: “a razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia; insânia e só insânia” E a qualquer menor indício de fuga dos padrões de razão, desequilíbrio, o alienista já enquadrava como loucura, e levava para a Casa Verde, ampliando até o território da loucura, como visto no trecho “a loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.”, o que rendeu a prisão de quase toda cidade, pois todos têm particularidades, que foram entendidas como desvios, essa expansão de ajustar o conceito a todas formas de diferenças. Ao perceber que a grande maioria estava categorizada fora do normal, do padrão científico que o