Conceito de Devoção
Devoções são práticas religiosas que objetivam o encontro com a divindade por meio da fé. Os devotos confiam que, em tais práticas, alcançam auxílio para suas necessidades e objetivos espirituais. Segundo Niero (2012, p. 99):
Falar de devoção é falar de uma relação dialética entre o sujeito (devotos, atores da devoção) e o objeto da devoção (santo, imagem), pois o homem, como ser social e sujeito, faz, vive, cria e transforma. Assim, a devoção é feita e refeita, consumida e transformada.
Para Stiel (2011, p. 26), a experiência humana do sagrado é vivenciada pelos devotos como algo que os auxilia na experiência que permite transcender a si mesmo em meio a crises sociais e políticas. Desse modo, o discurso acerca da devoção associa-se ao contexto social, no qual os atos e significados religiosos são parte indissociável do todo que se conhece como realidade. A devoção é um processo revestido de reverência, adoração e ação de graças à divindade.
Conforme a Igreja Católica, a devoção é um culto privado, pessoal ou comunitário, centrado no ato de entrega, na consagração, de si próprio ou da comunidade, ao amor de Deus. As devoções, que são principalmente expressas por meio da oração, fazem parte de um culto privado mais amplo, que é a piedade popular. As expressões populares de fé “desenvolveram-se à margem da liturgia oficial, mas elas, se forem sabiamente praticadas e mantidas longe de qualquer superstição, são reconhecidas pela Igreja Católica como importantes para o fomento da fé e da espiritualidade dos fiéis” (Meyer, 1996, p. 45).
Segundo Durkheim (2006, p. 27) a compreensão do fato religioso supõe reconhecer uma verdadeira consistência a fenômenos que contribuem para modelar a vida social e os costumes, que implicam profundamente os indivíduos e os grupos humanos; e que lhes fornecem orientações para a ação. Todo grupo humano é levado a forjar, a partir das experiências concretas que ele atravessa e em função de seus recursos cognitivos