Conceito Clássico
Conceito historicamente usado para se referir às manifestações da Grécia Antiga, com o tempo a expressão foi reinventada e hoje a palavra pode designar quase tudo.
A cena é a seguinte: no centro de Curitiba, um carro anda lentamente, com as janelas abertas que deixam escapar os acordes inconfundíveis de “Radio Ga Ga”, um clássico da banda britânica Queen. Enquanto cantavam junto com Fred Mercury, três pessoas – um destes jornalistas entre eles –, discutiam sobre o porquê de a música ser tão conhecida, do Brasil ao Japão. Então a pergunta finalmente surgiu. Afinal de contas, o que é um clássico?
Do Choco Milk de garrafinha da vidro à Nona Sinfonia, de Beethoven, o Caderno G Ideias de hoje pretende entender quais as características que fazem de determinado produto cultural –ou não, pense em um kichute – um legítimo clássico. E a discussão, ao menos na música, parece encafifar até mesmo os mais esclarecidos.
“Essa pergunta não é fácil de responder. Até porque, principalmente em música popular, não há sempre consenso sobre o que é ‘clássico’. Uma música que fez sucesso? Uma que até hoje é lembrada pelo grande público? Uma que abalou estruturas mas não ficou tão conhecida, e é mais ‘influente’ que ‘popular? Questãozinha espinhosa essa...”, diz Tárik de Souza, jornalista e crítico musical.
O termo “clássico”, explica a coordenadora do curso de História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Maria Cecília Pilla, durante muito tempo foi utilizado para se referir a manifestações da Grécia Antiga, seja o teatro ou os mitos. Mas a palavra, com o passar do tempo, foi reinventada. Hoje, é comum utilizar a expressão para se referir tanto a um sanduíche como o X-Montanha, comercializado pela lanchonete curitibana Montesquieu, a canções da Madonna, Pink Floyd, Michael Jackson ou da Banda Calypso.
No entanto, observa Maria Cecília, o que determina se algo é clássico, ou não, é a autoridade de quem faz o enunciado. Um