Comércio internacional: a rodada de doha
A rodada de Doha, apesar de seu desenrolar muito conturbado, representa de forma geral um avanço nas negociações sobre o comércio agrícola iniciadas na rodada Uruguai. Isso porque fica caracterizada pelo aprofundamento das discussões, principalmente no que tange à questão dos subsídios à exportação, e do tratamento diferenciado aos países em desenvolvimento. A grande conturbação dessas discussões deveu-se ao rompimento que houve, em relação a algumas metas estabelecidas na rodada Uruguai. A rodada Uruguai finalizou-se apresentando uma meta no mínimo pretensiosa, de acabar com os subsídios à exportação já nas negociações de 2001, o que não foi observado, gerando uma instabilidade nas negociações. Houve a tentativa do fechamento através de um pacto entre USA e UE, porém, ao contrário do que se observara na rodada Uruguai, em Doha essa alternativa não foi bem recebida, e havia uma pressão muito clara para que as negociações ocorressem de fato, os países tinham antecipado suas posições, e isso impediu que uma resolução tão simples pudesse por ponto final a rodada. Com esse rompimento, o acordo ficou “parado”, no sentido literal, ou seja, os países não assinaram algo além do que havia sido acordado na rodada Uruguai. Em 2003, na Ministerial de Cancun, as negociações são retomadas, abandonado o pretensioso objetivo de por fim aos subsídios, e incorporando uma gama muito ampla de discussões. A Ministerial de Cancun pode ser apontada como um marco, portanto, para as negociações acerca do comércio agrícola. A rodada Doha tinha previsto o fim das negociações para o ano de 2005, porém após o desenrolar dos fatos acima citados, houve, também em 2003, o adiamento desse prazo, não ficando estabelecida uma nova data. Os entraves e dificuldades encontrados nessa rodada de negociações são em suma os mesmos encontrados ao longo da história nos acordos de comércio agrícola, mas há um acirramento nas posturas de uma forma geral. São muitos, e peculiares, os