comunicação
INTRODUÇÃO
Após anos de experiência e estudos persistentes em língua portuguesa, a minha preocupação com o ensino, com o desalento dos alunos nas aulas de produção de textos me fizeram buscar um aspecto da língua, muitas vezes, ignorado pela bibliografia hoje disponível, ou seja, o estudo do léxico. Surge então a pergunta: Por que o léxico e, nomeadamente, as colocações? Segundo Ferraz (2013), “tudo o que acontece no mundo, desaba no léxico”, portanto, o léxico é, sem dúvida, a chave do processo da comunicação.
Sabe-se que “língua não é só léxico, mas o léxico é o elemento que melhor a caracteriza e a distingue das outras” (Leffa, 2000). Para o aprendiz é mais fácil compreender um texto através de seu vocabulário1 do que conhecendo sua sintaxe. Hymes afirma “há regras de uso sem as quais as regras de gramática seriam inúteis” (Hymes, 1972:278).
Se por um lado, acredita-se que o usuário não compreenderá a língua de fato, em seu momento de uso, nas interações verbais, quando o modelo de ensino foca somente a competência gramatical, por outro lado, entende-se que essa compreensão linguística se fará através, não do conhecimento de palavras soltas e regras descontextualizadas, mas sabendo segmentar o léxico em unidades complexas, ou seja, em unidades pré-fabricadas de língua, conforme sugere Lewis (2008). A fluência, tanto na escrita como na fala, não se dá com uma ação separada de palavras. Essa, aliás, é uma convicção ingênua, conforme afirma Fillmore (1979:66) na expressão - usuário ingênuo da língua – aquele que desconhece os dois pilares da convencionalidade2 na língua. Consequentemente, um modelo que focasse o ensino do léxico somente em palavras isoladas, estaria, de fato, limitando seu aprendiz em seu linguajar, entrementes outro usuário, com conhecimento das mesmas palavras, que se agrupam, não porque as colocamos juntas, mas, simplesmente, porque coocorrem, naturalmente, possuiria uma