Comunicação e o terceiro setor
Por Eduardo Homem da Costa em 26/10/2004 na edição 300
A situação é bem comum. Uma instituição sem fins lucrativos tem um excelente produto a ser vendido. Trabalho de resultados, reconhecido pelo porte de seus parceiros, pelo público atendido. Mas passa por problemas de financiamento. O discurso é velho e cansativo, conforme já ouvi diversas vezes: "Como o mundo é injusto e complicado! Tantos projetos ruins, tantos recursos sendo aplicados em propostas absolutamente fracas, sem a relevância de um projeto como o que trabalhamos..."
Foi dito acima produto? Pois é, este é outro ponto crítico: a linguagem a ser usada e a ligeira aversão ao uso de técnicas como marketing e comunicação. Compreende-se, pois a grande maioria dos envolvidos no terceiro setor busca uma transformação da sociedade ou ainda minimizar a situação das nossas camadas populares, que passam por dificuldades críticas. "Falar em produto é linguagem empresarial e o terceiro setor não é um negócio. É um ideal". Eu também ouvi isso recentemente e não quero discordar. No entanto onde estão os recursos? De onde eles vêm? Governo? Financiadores internacionais? Nacionais? Empresas? Pessoas como eu ou você? Parece-me que o primeiro e o segundo vêm fechando as torneiras há tempos. No Brasil, as instituições financiadoras são poucas. Restam as empresas e o cidadão comum com o desejo de colaborar.
Chegar até uma empresa é fácil. Duro é ser atendido e ser ouvido. Chegar até uma pessoa também é relativamente fácil. Difícil é conseguir que ela faça uma doação – e, mesmo que consiga, provavelmente será de valor inferior ao que se precisa. Ou seja, precisaria chegar a um número suficientemente grande de pessoas para atingir algo razoável e torcer para que elas colaborem regularmente.
A questão é: como abrir canais de comunicação com as empresas e com pessoas dispostas a participar? Vê-se que não basta ser reconhecido, ou melhor, ter uma marca reconhecida apenas em seu