Comunicação e Expressão
Mas existe também uma ansiedade patológica. É aquela que se manifesta sem nenhuma razão aparente. E que gera, por sua vez, um problema: assim como o pior medo é o medo de ter medo, a pior ansiedade resulta da antecipação da ansiedade, o que acarreta inclusive manifestações corporais: boca seca, tremor, palpitações. Uma situação crônica, e muito freqüente: nos Estados Unidos estima-se que 10% das pessoas (mais mulheres do que homens) sofrem de ansiedade. [...]
Uma combinação perturbadora: depressão mais ansiedade. Não é rara: ocorre em até 85% dos deprimidos crônicos. É perturbadora porque,quando a ansiedade exige que a pessoa faça alguma coisa, a depressão reduz a sua capacidade de resposta. É como chicotear um cavalo, esmagado sob o peso de uma carga excessiva, para que ele ande mais depressa. Quando ocorre aquilo que os médicos chamam de "comorbidade", tanto os sintomas da ansiedade quanto os da depressão aumentam. O tratamento antidepressivo pode, paradoxalmente, melhorar a ansiedade.
A ansiedade propriamente dita tem tratamento. Os benzodiazepínicos, tipo Valium, são medicamentos clássicos, mas podem causar dependência e tonturas (facilitando quedas). Há medidas mais naturais: exercício físico, técnicas de relaxamento, evitar cafeína e excesso de açúcar. Sem falar na terapia, que ajuda a pessoa a compreender o que está se passando com ela própria. Entender a ansiedade significa entender a natureza humana.
(Moacir Scliar)