COMPOSIÇÃO PARA O ATOR

COMPOSIÇÃO PARA O ATOR.

“O ator dotado encontra em seu instinto o modo de captar e irradiar certas forças; mas essas forças, que têm seu trajeto material de órgãos e nos órgãos, ele se espantaria se lhe fosse revelado que elas existem, pois nunca pensou que pudessem existir”1. (A.Artaud)

O teatro contemporâneo é construído a partir de uma multiplicidade de discursos, de formas de compreensão desse fenômeno que acompanha o homem ao logo dos séculos. Em cada época o teatro firma seu diálogo, fincando o seu pensamento em questões profundamente humanas, talvez por ser a mais humana das manifestações artísticas – um ser que se mostra, que se desnuda para outro ser. No memento que a arte acontece ele está presente, vivo diante do espectador. BURNIER diz que: “O artista do palco se expõe ao vivo, ao passo que os outros artistas não precisam estar presentes quando “desnudados” pelo público, quando suas fragilidades são expostas por meio de suas obras. O fato de estar vivo diante do espectador, executar, sentir, viver e fazer sua arte, introduz questões de difícil captação, referente ao universo subjetivo, de sentimentos, sensações, emoções, ou seja, um conjunto de elementos que Eugenio Barba chama de dimensões interior ao diferencia-las de uma outra dimensão física e mecânica do trabalho do ator”2

Claro que nem sempre foi assim, o ator nem sempre foi o centro da investigação teatral, só a partir do Séc. XX ele passa ser compreendido como a parte essencial do fazer teatral, sem ele não há teatro. GROTOWSKI, afirma que o teatro pode acontecer sem cenário, figurino, iluminação, mas jamais sem o ator. Vejamos:

“(...) temos de perguntar o que é indispensável no teatro. Pode o teatro existir sem figurino e cenário? Sim, pode.
Pode o teatro existir sem música para acompanhar o enredo? Sim.
Pode o teatro existir sem efeitos de luz? Claro.
E sem texto? Sim; a história do teatro confirma isso (...)
Mas poderá