COMPORTAMENTO E TRÂNSITO
Adriane Picchetto Machado
O quadro geral do nosso trânsito é um quadro de caos, de tragédias, de calamidades, onde a maioria das pessoas que fazem parte desse quadro não têm consciência de sua seriedade e gravidade.
Os números já não sensibilizam. As pessoas correm o risco de se acostumarem com eles, de banalizarem a dor, a desgraça e a tragédia que é perder uma vida só, que seja, por um problema que poderia ser completamente evitável.
Como pesquisadores comportamentais precisamos analisar as causas do comportamento agressivo, irresponsável, ignorante, até mesmo violento do motorista brasileiro. Não podemos esquecer também dos demais envolvidos no trânsito, como o pedestre, o ciclista, o carroceiro, aquele que empurra um carrinho de lixo, etc., mas que têm condições menores de causar danos aos outros, em comparação aos danos que os motoristas, seja de automóvel, caminhão, ou ônibus, podem causar.
É consenso hoje, que trânsito é, basicamente, uma questão de comportamento correto ou errôneo. É notório também que o trânsito é uma questão de comportamento social, já que envolve grupos, diversas classes sociais e mata indiscriminadamente; poderíamos dizer até que a mortalidade no trânsito é democrática, atingindo todas as pessoa, sem diferenciação social, educacional, religiosa ou política.
Uma outra máxima, mais aceita atualmente, é a de que as pessoas dirigem como são e como vivem. Experimentos mostram que os bons motoristas são pessoas ajustadas socialmente, responsáveis, dignos de confiança, sóbrios e cautelosos. Por outro lado, as personalidades ditas antisociais tendem a se envolver mais em acidentes de trânsito, principalmente por não respeitarem as leis e as regras de convivência e apresentarem dificuldades no que tange ao respeito ao outro e aos seus direitos. Desta forma, a questão do trânsito está intimamente ligada aos homens, já que são eles que comandam as máquinas, que, por sua vez, só obedecem às vontades